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quinta-feira, 26 de julho de 2012

Está tudo louco? Onde está a crise?

Quando foi inscrever 12 equipas de formação do CAC, Vítor Cacito descobriu que o valor das inscrições tinha passado para o dobro, sendo de três mil euros e não 1500 euros.

«Está tudo louco»
O presidente do Clube Atlético e Cultural da Pontinha (CAC) está «em choque» com a decisão «incompreensível» da Associação Futebol de Lisboa (AFL) em aumentar para o dobro o valor das inscrições de jogadores dos escalões de formação.
«Está tudo louco. Andamos a lutar para arranjar sandes e sumos para os miúdos e depois somos confrontados com uma decisão destas, de todo incompreensível», disse Vítor Cacito, depois de ter sido apanhado de surpresa e ter ficado «em choque» quando, há dias, pretendeu inscrever as 12 equipas dos escalões de formação do CAC.
Com efeito, ficou a saber que o valor pecuniário das inscrições tinha duplicado só para os clubes que não têm escalões de seniores, como é o caso do CAC. Quando pensava que iria pagar 1.500 euros a fatura tinha subido para o dobro, isto é, três mil euros.
Para Vítor Cacito, esta decisão da AFL «compromete a existência da maior parte dos clubes de bairro da associação», os quais «desenvolvem um trabalho meritório, que não é devidamente reconhecido», nomeadamente «tirando muitos miúdos da rua».
Tanto mais que, lembra Vítor Cacito, a Câmara Municipal e as Juntas de Freguesia «reduziram os apoios», já para não falar dos «aumentos da água e da eletricidade e dos seguros», cuja franquia «também duplicou de valor», subindo de 50 para 100 euros.
O aumento para o dobro do valor das inscrições para os clubes que não têm seniores é, para Vítor Cacito, tanto mais «incompreensível» quanto é sabido que estes «têm receitas de bilheteira dos jogos» daquele escalão, «ao contrário dos clubes que se dedicam em exclusivo à formação».
«Só é possível ter escalões de seniores porque há quem trabalhe na formação. Em Portugal, começa-se a construir a casa pelo telhado», observou Vítor Cacito, para quem a decisão da AF Lisboa é «contra-natura» e tem o condão de «desencorajar quem trabalha na área da formação», trabalho esse que tem «uma componente social muito importante que não é, geralmente, reconhecida».
Perante o aumento em causa, o presidente do CAC tem conversado com os clubes da AFL que estão confrontados com a mesma situação no sentido de ser encontrada uma saída para este problema: «Estamos a avaliar várias hipóteses, nomeadamente o pagamento faseado das inscrições junto da associação, em três parcelas. Não resolve o problema, mas talvez evite que muitos clubes de bairro que trabalham na área da formação venham a fechar portas».
Quanto à decisão «absurda» da Direção da AF Lisboa, eleita em janeiro último, Vítor Cacito lembrou as promessas feitas pelo atual presidente, Nuno Lobo, de apoio ao futebol de formação.
«Se ele não encontrou a AFL com a situação financeira que esperava, não são os pequenos clubes que têm culpa disso. Há outras maneiras de subsidiar a associação sem sobrecarregar esses clubes», referiu Vítor Cacito, lembrando que «o apoio alargado» que a lista de Nuno Lobo obteve «também se deveu às suas promessas de apoio ao futebol de formação».
O CAC tem 12 equipas para inscrever na AFL, quatro no escalão de escolinhas, três de infantis, duas de iniciados, duas de juvenis e uma de juniores, que se traduzem em cerca de 200 jovens em atividade.
Além do trabalho diário que desenvolve com os jovens, o CAC organiza anualmente no Verão o prestigiado torneio internacional da Pontinha para jovens dos sete aos 12 anos, no qual participam os principais clubes nacionais e alguns dos maiores clubes europeus.
Desse trabalho de formação têm saído alguns grandes valores do futebol português, nomeadamente Rui Águas, Beto, Poejo, Kenedy, Miguel Veloso – cuja transferência do Génova para o Dínamo de Kiev vai proporcionar ao CAC uma verba pela sua formação –, Rúben Amorim, entre outros.

Fonte:Agência Lusa